"O amor é sempre verdade no cinema"

Em "Amor Louco", a realizadora Jessica Hausner coloca-se no interior das cenas da vida doméstica do século XIX e descobre as ambiguidades de uma sociedade em transformação. O DN falou com Hausner.
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É em dose dupla que o mítico poeta alemão Henrich von Kleist (1777-1811) chega nesta semana às salas. Uma delas é realizada pelo francês Arnaud des Pallières, concorreu pela Palma de Ouro em 2013 e é a segunda adaptação para cinema da novela Michael Kohlhaas - O Rebelde. A outra estreia, Amor Louco, também passou pelo Festival de Cannes em 2014 mas, em vez de dramatizar um texto de Kleist, imagina-lhe os últimos anos de vida.

A austríaca Jessica Hausner, realizadora de Lourdes (2009) e de Hotel (2004), faz uma viagem a Berlim durante o período do romantismo para analisar, de longe, as angústias de uma aristocracia em decadência. É Henriette Vogel (Birte Schnoeink) e não Kleist (Christian Friedel) a verdadeira protagonista de um filme claustrofóbico. Assombrada pela ideia de que a morte se aproxima, a jovem rapariga aceita o pedido do poeta de 34 anos - abandonar a família e suicidar-se na sua companhia, junto ao lago. Foi com serenidade que Kleist encarou o último dia de vida - o romântico que passava dificuldades financeiras e foi desvalorizado por Goethe encontrava certamente motivos suficientes para "temer mais a vida do que a morte". Apressar o fim seria por isso a "força vital suprema".

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